Brasil reafirma política de neutralidade e busca integração sul-americana em visita de Boric

Lula defende multilateralismo e integração sul-americana ao receber Boric no Planalto

Durante a visita de Estado do presidente chileno, Gabriel Boric, ao Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou o compromisso do Brasil com uma política externa pautada no multilateralismo, na democracia e no livre comércio. O encontro, realizado no Palácio do Planalto, serviu para fortalecer os laços entre os dois países e reafirmar a posição do Brasil no cenário internacional.

Lula declarou que o Brasil não pretende se alinhar a nenhum dos lados na disputa entre Estados Unidos e China. “Eu não quero guerra fria, eu não quero fazer opção entre Estados Unidos ou China. Eu quero ter relações com os Estados Unidos, quero ter relação com a China. Eu não quero ter preferência sobre um ou sobre o outro. Quem tem que ter preferência são todos os meus empresários, que querem negociar. Mas eu, não. Eu quero negociar com todo mundo. Eu quero vender e comprar, fazer parceria”, afirmou o presidente, defendendo uma postura pragmática e voltada para os interesses comerciais do país. Essa postura alinha-se com a busca por protagonismo do Brasil no cenário global, como mencionado em Lula defende protagonismo do Brasil no cenário global e rebate críticas sobre viagens de Janja.

O presidente brasileiro também criticou o protecionismo adotado pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump, considerando-o prejudicial para todos os países envolvidos. “A nós, brasileiros, não agrada essa disputa estabelecida pelo presidente Trump. Eu acho que ela não é conveniente para os Estados Unidos, não é conveniente para a China e não é conveniente para nenhum país do mundo”, pontuou. Vale lembrar que tensões comerciais com os EUA já foram tema em Brasil descarta retaliar EUA com Projeto de Lei da Reciprocidade em resposta a tarifas e Lula responde à tarifa dos EUA e RN pode sentir impacto na exportação de frutas.

Integração Sul-Americana como Prioridade

Lula enfatizou a importância da integração regional, destacando o papel estratégico do Brasil nesse processo. “Sou obcecado pela integração e, pelo tamanho e importância econômica que temos, devemos ser indutores do desenvolvimento na América do Sul”, disse. Para o presidente, alianças regionais mais sólidas são essenciais para mitigar a vulnerabilidade dos países latino-americanos frente às grandes potências.

O presidente também alertou sobre a necessidade de diversificação dos parceiros comerciais da região. “Se a gente não diversificar, vamos viver mais um século pobres”, alertou. Como exemplo, citou os países da América Central, que, segundo ele, não se desenvolveram apesar da proximidade com os Estados Unidos. “Depois de ajudar a construir a riqueza americana, aparece um presidente que os trata como inimigos. Latino-americano agora é tudo inimigo”, criticou.

Acordos Bilaterais Firmados

Durante a cerimônia no Palácio do Planalto, Brasil e Chile formalizaram diversos acordos de cooperação. Os principais pontos foram:

  • Memorandos de entendimento em inteligência artificial (IA);
  • Agricultura familiar;
  • Segurança pública;
  • Cooperação consular;
  • Audiovisual.

Um dos destaques foi o acordo para a criação de sistemas de IA voltados ao desenvolvimento regional, com foco na diversidade cultural e linguística da América Latina.

Outros atos foram assinados nas áreas de defesa, cultura, micro e pequenas empresas, pesca e certificação eletrônica de produtos de origem animal. A visita coincidiu com o Dia da Amizade entre Brasil e Chile, celebrado em 22 de abril, em memória ao início das relações diplomáticas em 1836.

Comércio e Investimentos em Destaque

Gabriel Boric ressaltou a importância de fortalecer os laços comerciais entre os dois países, defendendo a integração logística por meio do Corredor Bioceânico, que conectará o Centro-Oeste brasileiro aos portos do norte chileno. “Isso é integração, não somente fotos de cúpulas”, afirmou.

Boric também lembrou a visita de Lula ao Chile em agosto do ano anterior, quando foram assinados 19 atos bilaterais, e mencionou o potencial de crescimento em áreas como tecnologia, finanças e transporte.

Atualmente, o Brasil é o terceiro principal parceiro comercial do Chile, com um intercâmbio anual de aproximadamente US$ 12 bilhões. O Chile, por sua vez, é o sexto maior destino das exportações brasileiras. Os dois países mantêm mais de 100 acordos vigentes e possuem uma relação comercial equilibrada, embora ainda concentrada em alguns setores.

Lula encerrou seu discurso sublinhando a importância de consolidar instituições que garantam a democracia, independentemente do governo em exercício. “A geopolítica do mundo não é feita de ocasiões. Ela tem que ser perene, e nós precisamos construir instituições que deem segurança ao exercício da democracia, independentemente de quem seja o presidente da República”, enfatizou. Este tema ressoa com o pacto entre o executivo e o senado, discutido em Lula e Alcolumbre selam pacto entre Executivo e Senado por pautas nacionais.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *