Um novo levantamento do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) revela um quadro preocupante da educação no Brasil. A pesquisa, realizada entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, aponta que aproximadamente três em cada dez brasileiros, o que corresponde a 29% da população entre 15 e 64 anos, enfrenta dificuldades significativas para compreender textos simples ou identificar informações básicas como preços e números de telefone. Esse percentual alarmante caracteriza o que se define como analfabetismo funcional.
O Inaf 2024-2025, coordenado pela Ação Educativa e pela consultoria Conhecimento Social, em parceria com a Fundação Itaú, Fundação Roberto Marinho, Instituto Unibanco, Unicef e Unesco, ouviu 2.554 pessoas em todas as regiões do país. A margem de erro do estudo varia entre 2 e 3 pontos percentuais, com um nível de confiança de 95%. O estudo também abordou o nível de alfabetismo digital da população, buscando entender os impactos das transformações tecnológicas na vida cotidiana. Em notícias relacionadas, o Inep prorroga prazo para isenção da taxa de inscrição do Enem 2025.
Aumento do Analfabetismo Funcional entre Jovens
O levantamento revela um aumento preocupante do analfabetismo funcional entre os jovens. Em 2018, 14% das pessoas com idade entre 15 e 29 anos eram consideradas analfabetas funcionais. Esse percentual subiu para 16% em 2024. Pesquisadores sugerem que o fechamento das escolas durante a pandemia de Covid-19 pode ter contribuído para esse aumento. A problemática também é discutida no contexto de investimentos em infraestrutura e educação no Rio Grande do Norte.
Níveis de Alfabetismo no Brasil
O Inaf classifica a população em diferentes níveis de alfabetismo com base em testes de leitura, escrita e matemática:
- Analfabetismo Funcional: 29% da população (níveis “analfabeto” e “rudimentar”).
- Alfabetismo Elementar: 36% da população.
- Alfabetismo Consolidado: 35% da população (apenas 10% no nível proficiente).
Analfabetismo Funcional no Mercado de Trabalho
A pesquisa demonstra que a dificuldade com leitura e escrita não se restringe à população desempregada. Entre os trabalhadores, 27% são considerados analfabetos funcionais, 34% estão no nível elementar e apenas 40% alcançam os níveis consolidados de alfabetização.
Surpreendentemente, mesmo entre indivíduos com ensino superior completo, 12% são classificados como analfabetos funcionais. Apenas 61% desse grupo atinge o nível mais avançado de alfabetização. Em Mossoró, a rede municipal abre inscrições para cadastro reserva de professores, buscando qualificar ainda mais o ensino.
Desigualdades Raciais no Alfabetismo
O estudo também expõe disparidades significativas entre diferentes grupos raciais:
- Brancos: 28% são analfabetos funcionais e 41% têm alfabetismo consolidado.
- Pretos e Pardos: 30% são analfabetos funcionais e 31% têm alfabetismo consolidado.
- Amarelos e Indígenas: 47% são analfabetos funcionais e apenas 19% têm alfabetismo consolidado.