Um novo relatório do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revela um aumento preocupante na ocorrência de desastres climáticos no Brasil, impactando milhões de vidas. O estudo, intitulado “Brasil em Transformação”, liderado pelo pesquisador Ronaldo Christofoletti, aponta que 92% dos municípios brasileiros já foram afetados por algum tipo de desastre, com uma frequência crescente.
A pesquisa analisou dados do Climate Change Institute da Universidade do Maine, combinados com registros do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, abrangendo o período de 1991 a 2023. Os resultados mostram uma correlação direta entre o aumento da temperatura global e a ocorrência de desastres. Para cada aumento de 0,1 grau Celsius na temperatura média global do ar, são registrados 360 desastres adicionais. Nos oceanos, esse número sobe para 584.
Ao todo, foram identificados 64.280 desastres climáticos, classificados em cinco categorias:
- Climatológicos: Secas, estiagens, incêndios florestais e baixa umidade do ar.
- Hidrológicos: Enxurradas, inundações e alagamentos.
- Meteorológicos: Ondas de frio, ondas de calor, ciclones e ventos costeiros.
- Geológicos: Deslizamentos, terremotos e erosão.
- Biológicos: Epidemias e infestações.
Os desastres climatológicos representam quase metade do total (quase 50%), seguidos pelos hidrológicos (26,58%) e meteorológicos (19,87%). O estudo também estima que cada aumento de 0,1°C na temperatura média global gera prejuízos econômicos de aproximadamente R$5,6 bilhões, um valor que Christofoletti considera subestimado. A preocupação com o meio ambiente também se estende para outras áreas, como evidenciado pela recomendação do MPRN para regulamentação do off-road em Ceará-Mirim para proteger o meio ambiente e comunidades.
Os impactos sociais são igualmente alarmantes. Entre 2020 e 2023, cerca de 78 milhões de pessoas foram afetadas, representando 70% do total de afetados na última década. Além dos danos materiais, Christofoletti enfatiza as perdas emocionais e os impactos na saúde mental, especialmente entre as populações mais vulneráveis.
“Aquela casa, principalmente para populações mais vulneráveis, ela vinha da mãe, do avô, do bisavô. Aquilo tinha história das pessoas lá dentro. São perdas que não são mensuráveis e têm um impacto de saúde mental muito grande”, afirma Christofoletti.
O estudo também revela que 62% da população entrevistada sente medo em dias de previsão de chuva intensa, evidenciando a forte ligação entre desastres climáticos e a saúde mental. A equipe do instituto planeja aprofundar as análises em futuras publicações, explorando cada tipo de desastre e seus impactos em detalhes. A UFRN e Fecomércio-RN Unem Forças na Revitalização do Rio Potengi, buscando minimizar esses impactos através de ações conjuntas. Além disso, vale lembrar que lixo internacional polui praias do RN desde 2018, aponta associação ambiental, agravando ainda mais o cenário.