Apesar de uma redução de 26,8% nos casos de malária no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior, o Brasil ainda enfrenta obstáculos consideráveis para a erradicação da doença. Entre janeiro e março deste ano, foram notificados 25.473 casos, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde no Dia Mundial da Malária (25 de abril).
Claudio Tadeu Daniel-Ribeiro, chefe do Laboratório de Pesquisa em Malária da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), aponta que a principal dificuldade para alcançar a meta de eliminação reside na falta de diagnóstico preciso, especialmente fora da região amazônica, onde se concentra a maioria das infecções. Segundo o imunologista, que assessora o governo nas estratégias de combate à doença, é crucial que médicos em outras regiões do país considerem a possibilidade de malária em pacientes com febre, dor de cabeça, sudorese e calafrios.
É importante ressaltar a necessidade de prioridade no atendimento a idosos em unidades de saúde, como recomendado pelo MPRN, para garantir que diagnósticos e tratamentos como o da malária não sejam retardados por falta de estrutura e atenção.
Embora 99% dos casos de malária no Brasil estejam concentrados na Amazônia, o mosquito transmissor, *Anopheles*, está presente em aproximadamente 80% do território nacional. Isso significa que áreas fora da zona endêmica não estão imunes ao risco, especialmente devido ao aumento da mobilidade e do fluxo migratório de pessoas provenientes de regiões com alta transmissão, como a África.
A malária é causada por protozoários do gênero *Plasmodium*, transmitidos pela picada do mosquito *Anopheles*. O *Plasmodium vivax*, responsável por cerca de 80% dos casos, é menos letal, mas mais infeccioso. Já o *Plasmodium falciparum* representa um risco maior de morte. O Brasil tem como meta eliminar a transmissão do *falciparum* até 2030 e erradicar a doença completamente até 2035.
De acordo com Daniel-Ribeiro, a rapidez no tratamento é fundamental. "Se você tratar rapidamente a malária, você não deixa aquele indivíduo infectar novos mosquitos. Mas se não fizer o diagnóstico rápido e não correr para a região onde ele foi infectado para fazer ações de bloqueio de transmissão, você pode ter um novo surto ou até a reimplantação da malária em um lugar onde ela já foi eliminada." A retomada da reforma do Hospital Tarcísio Maia, em Mossoró, com nova empresa e promessa de agilidade, é um passo importante para garantir que a população tenha acesso a tratamentos rápidos e eficazes contra a malária e outras doenças.
Além do diagnóstico rápido por meio de testes de sangue e tratamentos eficazes, o combate à malária enfrenta outro desafio: as mudanças climáticas. As alterações climáticas podem facilitar o desenvolvimento e o aumento da transmissão em áreas onde a doença ainda existe, explica o especialista da Fiocruz. O aumento da temperatura, segundo ele, favorece tanto o mosquito quanto o parasita, o que pode reverter os avanços alcançados nas últimas décadas. A inclusão da vacina contra herpes-zóster no SUS, que está sendo avaliada pelo Ministério da Saúde, também representa um avanço importante na prevenção de doenças e na melhoria da saúde pública no país.
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