O desabamento da ponte Juscelino Kubitscheck de Oliveira, que ligava os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), expôs uma negligência que já se arrastava por anos. Inspeções realizadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) indicavam, desde 2019, que a estrutura se encontrava em estado de conservação “ruim”. O incidente resultou em, pelo menos, um morto e 15 desaparecidos, segundo dados preliminares das equipes de resgate.
Relatórios de manutenção rodoviária do Dnit, atualizados até julho de 2019, classificavam a ponte sobre o rio Tocantins com “nota 2” no Índice de Condição de Manutenção, dentro de uma escala que varia de 1 (estado mais crítico) a 5 (melhor estado). Essa classificação “amarela” sinalizava que a ponte apresentava problemas estruturais e funcionais que exigiam atenção prioritária. Entre esses problemas, poderiam estar danos no concreto, fissuras, exposição de armaduras, falhas em fundações ou pilares, além de desgaste em juntas de dilatação e sistemas de drenagem.
O relatório geral de operações rodoviárias, datado de maio de 2023, consolidado pela Coordenação Geral de Planejamento e Pesquisa do Dnit, revela que dez das 121 pontes federais em Tocantins foram classificadas na mesma categoria “amarela” da ponte que desabou. A maioria das pontes do estado foi considerada em situação “boa” (57), seguida por “regular” (46). Outras duas foram classificadas como “péssimas”, e apenas uma como “excelente”. Cinco pontes não receberam qualificação no relatório.
A deterioração da ponte vinha sendo denunciada por moradores e políticos. O vereador de Aguiarnópolis, Elias Cabral Junior, do Republicanos, chegou a filmar o momento exato da queda da estrutura no domingo, 22, enquanto denunciava publicamente sua precariedade.
A repercussão do caso reacende o debate sobre a fiscalização e manutenção da infraestrutura rodoviária no Brasil, e o vídeo do vereador foi compartilhado em diversas redes sociais:
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