Matriz energética brasileira: rumos para 2050 em debate na Câmara dos Deputados

Debatedores apontam rumos da matriz energética do país até 2050

Especialistas de diversos setores reuniram-se em audiência pública na Comissão de Minas e Energia para discutir o futuro da matriz energética brasileira até 2050. O debate, realizado na última quinta-feira (12), colocou em pauta a necessidade de conciliar a sustentabilidade ambiental com a garantia do abastecimento energético.

O Brasil, apesar de possuir uma matriz energética com predominância de fontes renováveis, ainda se encontra entre os maiores emissores globais de gases do efeito estufa, devido ao desmatamento e à sua posição como grande produtor de carne, conforme explicou Raphael Moura, representante da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Segundo ele, esses dois fatores correspondem a aproximadamente 75% das emissões totais do país.

“Enquanto no mundo o setor energético é responsável por 75% das emissões de gases de efeito estufa, no Brasil, com a nossa matriz energética limpa, a energia corresponde somente a 18% das emissões brutas de gases de efeito estufa”, detalhou Moura, ressaltando a importância de se considerar o contexto brasileiro ao analisar os dados de emissões.

O equilíbrio entre sustentabilidade e segurança energética

Ludmila Lima, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), destacou a necessidade de equilibrar a sustentabilidade ambiental com a segurança no fornecimento de energia, especialmente em um contexto de eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes. “A gente quer energia abundante e renovável. Quer manter essa matriz limpa, que hoje é de pelo menos 85%, mas também quer um sistema estável, capaz de absorver toda essa geração renovável. A gente quer uma resiliência das redes, capaz de absorver e enfrentar eventos climáticos extremos. A gente quer o desenvolvimento de novas tecnologias”, afirmou.

O debate também abordou o ritmo do desenvolvimento de novas tecnologias de energia limpa. Para o deputado General Pazuello (PL-RJ), o avanço tecnológico permitirá que o Brasil produza cada vez mais energia com um custo ambiental reduzido. “Você vê na projeção dos últimos 20 anos a velocidade com que cresceram as demais fontes renováveis. Claro que isso impulsionado por uma tecnologia crescente. Quanto mais a tecnologia aumenta, mais você tem resultado naquela fonte. E isso é inevitável”, avaliou o deputado.

A audiência pública evidenciou a complexidade do cenário energético brasileiro, onde se busca conciliar o desenvolvimento econômico com a responsabilidade ambiental, em meio a desafios como o desmatamento, a produção de carne e a necessidade de um sistema energético resiliente. As discussões apontaram para a importância da inovação tecnológica e da diversificação das fontes de energia como caminhos para um futuro mais sustentável e seguro para o país.

A íntegra do debate pode ser conferida no vídeo da audiência pública.

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