Mergulhadores removem 140 peixes-leão em operação de controle populacional em Fernando de Noronha

Uma operação de mergulho realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com o centro de mergulho Sea Paradise, resultou na captura de 140 peixes-leão em Fernando de Noronha. A ação, que ocorreu na última semana de dezembro, visou controlar a proliferação da espécie invasora no arquipélago.

Segundo Fernando Rodrigues, mergulhador e diretor da Sea Paradise, o trabalho concentrou-se no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha e na Área de Proteção Ambiental (APA). O objetivo principal foi mapear e monitorar a taxa de repovoamento do peixe-leão, além de identificar a densidade e os tamanhos dos indivíduos. “Nosso foco foi explorar pontos já mapeados para verificar a taxa de repovoamento do peixe-leão, identificando a densidade e os tamanhos da espécie. O menor peixe-leão media apenas 10 centímetros, enquanto o maior ultrapassou 45 centímetros.”, detalhou Rodrigues.

De acordo com o especialista, esta foi a operação com o maior número de capturas da espécie já realizada no arquipélago. O manejo do peixe-leão, um predador voraz, é crucial para a preservação das espécies nativas, direta ou indiretamente ameaçadas pela proliferação do invasor. O peixe-leão (Pterois volitans), originário da região indo-pacífica, foi detectado no Brasil pela primeira vez em 2014 e em Fernando de Noronha em 2020.

Desde então, mais de mil peixes-leão foram removidos de Fernando de Noronha, segundo o ICMBio. A espécie possui uma alta capacidade predatória, consumindo até 20 peixes em 30 minutos, e reprodutiva, liberando até 30 mil ovos por vez. Essa combinação faz com que a população cresça rapidamente, gerando um desequilíbrio no ecossistema marinho local.

Pedro Pereira, coordenador do Projeto Conservação Recifal (PCR), observou que os peixes-leão concentram-se em áreas mais profundas, porém demonstram uma tendência de migração para áreas mais rasas. “É importante destacar que essas capturas foram feitas em áreas que não têm sido manejadas com frequência, o que mostra também que a população está aumentando devido a essa falta deste trabalho de captura dos bichos, aumentando mais ainda a necessidade de colaboração, de inclusão de novas operadoras, incentivo à pesquisa, para que o manejo continue”, alertou Pereira.

O aumento da população de peixes-leão pode trazer sérias consequências para a biodiversidade e a economia do mergulho em Fernando de Noronha. Para Lilian Hangae, chefe do Núcleo de Gestão Integrada (NGI) do ICMBio-Noronha, o controle populacional da espécie é fundamental para a sustentabilidade do arquipélago. Fernando Rodrigues mencionou ainda a possibilidade de liberar o consumo da espécie como forma de controle populacional. No entanto, até o momento, o ICMBio incentiva as operadoras de mergulho a continuarem o manejo da espécie.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *