Viúva de prefeito assassinado assume prefeitura de João Dias (RN) e homenageia o marido

RN: Viúva de prefeito assassinado toma posse em sessão virtual e dedica vitória ao marido

Fatinha de Marcelo (União Brasil) tomou posse como prefeita de João Dias, no Rio Grande do Norte, em uma sessão virtual realizada nesta quarta-feira (1º). A cerimônia marcou a ascensão da viúva ao cargo, após a trágica morte de seu marido, Marcelo Oliveira (União), durante a campanha eleitoral de 2024. Marcelo foi assassinado juntamente com seu pai, Sandi Oliveira.

A nova prefeita, Maria de Fátima Mesquita da Silva, de 33 anos, foi indicada pelo seu partido para substituir o marido na disputa. Ela conquistou 66,8% dos votos válidos nas eleições de outubro.

Em seu discurso de posse, transmitido virtualmente, Fatinha de Marcelo dedicou a vitória ao marido e ao sogro. "Essa vitória não é só minha. Essa vitória é de Marcelo Oliveira, é de Sandi Oliveira, e de cada um de vocês que sonham com uma João Dias mais justa, desenvolvida e cheia de oportunidades", declarou a prefeita.

A participação virtual na cerimônia ocorreu ao lado do vice-prefeito João Pedro, também do mesmo partido. O motivo para a posse remota não foi respondido pelo advogado da prefeita, apesar de contato do veículo de notícias que divulgou o fato.

Contexto Político e Criminal

A posse de Fatinha ocorre em um contexto de grande turbulência política e familiar em João Dias. Segundo investigações da Polícia Civil, a ex-vice-prefeita Damária Jácome (Republicanos) e sua irmã, a vereadora Leidiane Jácome, são suspeitas de serem as mandantes do assassinato do prefeito Marcelo Oliveira. Ambas são consideradas foragidas.

Damária Jácome, que disputou a prefeitura em 2024 e ficou em segundo lugar, já havia sido vice-prefeita de Marcelo em 2020. Em 2022, Marcelo afirmou à Justiça que foi coagido pela vice-prefeita, além do pai e irmãos dela, para deixar o cargo. Uma decisão judicial determinou o retorno de Marcelo ao cargo na época.

A disputa política e pessoal entre as famílias se intensificou após a acusação de Marcelo e seu retorno ao cargo. A família de Damária responsabilizava Marcelo pela morte de dois de seus irmãos em confronto com a polícia na Bahia e pela prisão de um terceiro em 2022. A família também atribuía ao prefeito a apreensão de um fuzil na cidade.

O Crime e a Investigação

O prefeito Marcelo Oliveira, cujo nome era Francisco Damião de Oliveira, foi assassinado aos 38 anos, juntamente com seu pai, Sandi Alves de Oliveira, de 58 anos, enquanto visitava eleitores no dia 27 de agosto. Os criminosos, distribuídos em dois veículos, abriram fogo contra eles. Sandi morreu no local, enquanto Marcelo não resistiu aos ferimentos após ser socorrido em um hospital na Paraíba. A polícia informou que o prefeito foi atingido por 11 disparos de arma de fogo.

Um pastor evangélico foi preso como um dos envolvidos no planejamento do crime, por ajudar a encontrar o melhor local e momento para cometer o assassinato. A polícia chegou a cogitar que o crime seria cometido durante um culto frequentado pelo prefeito.

Atualmente, oito pessoas foram indiciadas como executoras do crime, e outras cinco, como mentores intelectuais, além de 10 pessoas por formação de milícia. Apenas o pastor está preso, e os demais envolvidos estão foragidos, incluindo as irmãs Jácome.

Histórico Político

Marcelo e Damária foram eleitos juntos em 2020, ele como prefeito e ela como vice. Em julho de 2021, Marcelo pediu afastamento da prefeitura, e Damária assumiu o cargo. Em 2022, Marcelo denunciou à Justiça que havia sido coagido a renunciar por Damária e sua família. A Justiça determinou o retorno de Marcelo à prefeitura.

Antes de ser prefeito, Marcelo já havia sido vereador em 2008 e 2012. Seu pai, Sandi, também tinha uma trajetória política como vereador no município.

João Dias, um dos menores municípios do Rio Grande do Norte, possui cerca de 2 mil habitantes. De acordo com dados do IBGE, em 2022, a cidade tinha apenas 294 pessoas ocupadas, com rendimento médio de 1,5 salário mínimo.

O município enfrentou um período de incerteza após o assassinato do prefeito, com o irmão de Marcelo, Jessé Oliveira, assumindo a gestão interinamente. Ele havia renunciado à reeleição como vereador para tomar o cargo na época.

A defesa das irmãs Damária e Leidiane Jácome, suspeitas de serem as mandantes do crime, divulgou nota afirmando a inocência de ambas e negando que estivessem foragidas.

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