Estudo do Instituto Santos Dumont (RN) Revela Nova Perspectiva Sobre a Conexão Retina-Cérebro e Ritmos Biológicos

Uma pesquisa inovadora realizada em Macaíba, Rio Grande do Norte, por cientistas do Instituto Santos Dumont (ISD), organização social ligada ao Ministério da Educação, aprofunda a compreensão sobre a intrincada relação entre a retina, o cérebro e os ritmos biológicos. O estudo, publicado no Journal of Anatomy, detalha a presença e as características morfológicas das projeções da retina no núcleo dorsal da rafe (DRN), uma estrutura cerebral crucial para a regulação dos ritmos biológicos.

A comunicação entre a retina e o cérebro é essencial para a conversão da luz em imagens e para a análise e interpretação de informações visuais pelo sistema nervoso. No entanto, essa interação desempenha um papel ainda maior na regulação de aspectos fundamentais dos hábitos e do funcionamento biológico dos seres vivos, englobando a predisposição para atividades, a regulação do metabolismo e os ciclos de sono. O Instituto Santos Dumont oferece mestrado gratuito em Neuroengenharia, evidenciando a relevância da área.

A pesquisa utilizou modelos animais com semelhanças aos seres humanos para identificar a inervação e caracterizar diferentes tipos de fibras. Foram empregadas técnicas neuroanatômicas e imuno-histoquímicas para investigar conexões pouco exploradas em primatas.

Segundo Nelyane Santana, pesquisadora de pós-doutorado no ISD e principal autora do estudo, a investigação oferece uma nova visão sobre a organização funcional dos circuitos retinianos que não estão diretamente ligados à visão, mas que são vitais para os aspectos fisiológicos do organismo.

"Com esses resultados, esperamos estender a investigação dessa via em outras espécies de primatas não-humanos, caracterizando as células da retina que formam essa projeção, a população neuronal que recebe essa inervação e o aspecto funcional desse circuito", afirma Nelyane.

Nelyane Santana também está realizando parte de seu estágio de pós-doutorado na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, África do Sul, onde investiga áreas do cérebro a partir de modelos animais nativos do continente africano, unindo perspectivas intercontinentais ao seu trabalho no Brasil e contribuindo para avanços na pesquisa em neurociências.

Além de Nelyane Santana, participaram do estudo o mestrando em Neuroengenharia, Wellydo Escarião, o professor pesquisador Felipe Fiuza, e os pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Eryck Silva, Expedito Nascimento Júnior, Miriam Costa, Rovena Clara Engelberth e Jeferson Cavalcante.