Análise do desempenho setorial
O levantamento do IBGE revela que o acumulado dos últimos quatro meses totaliza um aumento de 1,5%, revertendo as perdas registradas entre outubro e dezembro de 2023, que somaram uma queda de 1%. André Macedo, pesquisador do IBGE, ressalta que o resultado de março, com alta de 1,2%, impulsionou consideravelmente esse acumulado, enquanto os demais meses apresentaram variações mais próximas da estabilidade: 0,2% em janeiro, 0,1% em fevereiro e 0,1% em abril.No entanto, ao comparar abril de 2024 com o mesmo período do ano anterior, observa-se uma retração de 0,3%, indicando que a indústria ainda não conseguiu superar completamente os níveis de produção prévios. Apesar disso, o trimestre apresenta alta de 0,5%, o acumulado do ano, 1,4%, e o acumulado de 12 meses, 2,4%.Fatores limitantes ao crescimento
O pesquisador André Macedo pondera que o ritmo lento de crescimento industrial pode ser atribuído a fatores como a persistência de um cenário econômico incerto e a manutenção de altas taxas de juros. Segundo ele, “a taxa de juros em patamares mais elevados traz adiamento nas decisões de consumo das famílias e adiamento nas decisões de investimentos por parte das empresas, além do ambiente de incerteza não só no mercado doméstico, mas também no ambiente internacional”.Desempenho por categorias econômicas
A análise por categorias econômicas revela um panorama misto. Três das quatro grandes categorias apresentaram crescimento em abril: bens de capital (1,4%), bens intermediários (0,7%) e bens de consumo duráveis (0,4%). A única exceção foi a categoria de bens de consumo semi e não duráveis, que registrou uma queda de 1,9%.Destaques setoriais
Entre as 25 atividades industriais pesquisadas, 13 apresentaram expansão em abril. Os destaques positivos foram para as indústrias extrativas (1%), bebidas (3,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (1%) e impressão e reprodução de gravações (11%). O setor de produtos químicos manteve-se estável.Por outro lado, 11 ramos da indústria apresentaram retração na produção. As maiores quedas foram observadas em coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,5%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-8,5%), celulose, papel e produtos de papel (-3,1%), máquinas e equipamentos (-1,4%), móveis (-3,7%), produtos diversos (-3,8%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-1,9%).O cenário industrial brasileiro, portanto, apresenta nuances importantes. Enquanto a sequência de resultados positivos indica uma recuperação em curso, a moderação no ritmo de crescimento e as disparidades setoriais alertam para a necessidade de políticas que fortaleçam a demanda interna, reduzam a incerteza econômica e promovam o investimento produtivo.Não perca nada!
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