Uma mulher identificada como Laiza Andrade Silva Alves foi condenada a seis anos de reclusão e 20 dias-multa por envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC) no Rio Grande do Norte. A sentença é resultado da Operação Plata, deflagrada em fevereiro de 2023.
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), Laiza participou da simulação de compra de um imóvel para ocultar a origem ilícita de recursos provenientes de crimes praticados por Geraldo dos Santos Filho, conhecido como Pastor Júnior, e Valdeci Alves dos Santos, apontado como um dos líderes da facção.
O MPRN apurou que a simulação de compra do imóvel ocorreu em janeiro de 2016, e uma procuração foi emitida em 16 de junho de 2021 com o objetivo de dissimular a verdadeira propriedade. Segundo a denúncia, Laiza foi utilizada como “testa de ferro” por não possuir antecedentes criminais ou ligação direta com os líderes da organização.
As investigações apontam que o grupo criminoso pode ter lavado mais de R$ 23 milhões através da compra de imóveis, fazendas, rebanhos bovinos e até mesmo utilizando igrejas.
As apurações tiveram início em 2019, com o objetivo de investigar crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro em Natal e outras cidades do Rio Grande do Norte. Em Natal, a morte de um ex-prefeito também mobilizou as autoridades.
Laiza é a oitava pessoa a ser condenada no âmbito das investigações. Em setembro de 2024, outros sete acusados já haviam sido sentenciados. Geraldo dos Santos Filho, o Pastor Júnior, considerado o principal articulador dos crimes, recebeu a maior pena: 84 anos de reclusão por lavagem de dinheiro e associação criminosa.
O MPRN destacou que o grupo criminoso se estruturou para a compra e transferência de imóveis, realização de depósitos não identificáveis e distribuição de dinheiro em espécie, com o objetivo de ocultar a origem e a propriedade de bens e valores provenientes de atividades ilícitas.
Operações Plata e Argento
A Operação Plata foi conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRN, com o apoio da Polícia Militar do RN e dos Ministérios Públicos de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Bahia, Ceará e Paraíba, além do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Em novembro de 2024, o MPRN, em conjunto com a Receita Federal, deflagrou a Operação Argento, com o cumprimento de 36 mandados em quatro estados do país contra a lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas do PCC, resultando no bloqueio de R$ 2,2 bilhões.
A Operação Argento foi apresentada como um desdobramento da Operação Plata. O grupo investigado era suspeito de lavar dinheiro do tráfico por meio da abertura de empresas de fachada e postos de combustíveis, compra e venda de imóveis de luxo e cavalos de raça. Foram cumpridos sete mandados de prisão preventiva e 29 de busca e apreensão em cidades do Rio Grande do Norte e em outros três estados.
Em dezembro, 18 investigados foram denunciados pelo MP.