Uma operação da Polícia Federal (PF) resultou na apreensão de R$ 1,5 milhão em espécie a bordo de um jatinho particular que seguia de Salvador para Brasília no dia 3 de dezembro. A ação, parte da Operação Overclean, investiga um suposto esquema de desvio de recursos públicos de emendas parlamentares destinadas ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS).
Segundo a PF, o dinheiro apreendido teria origem ilícita e seria usado para o pagamento de propina em Brasília. A decisão judicial que autorizou a operação destaca a suspeita de uso de aeronaves para o transporte de valores em espécie por parte de investigados, incluindo Lucas Lobão, ex-chefe do DNOCS na Bahia, e um empresário. A investigação acompanhava o jatinho desde Salvador. O voo, organizado por José Marcos Moura, um empresário do setor de coleta de lixo e membro da executiva nacional do União Brasil, motivou a operação, após depoimentos com contradições sobre a origem do dinheiro e a finalidade da viagem. Lobão alegou desconhecer a origem dos recursos, enquanto um dos empresários afirmou que o dinheiro se originava de vendas de equipamentos.
A Operação Overclean apura a suspeita de um desvio de R$ 1,4 bilhão em contratos públicos, com R$ 825 milhões em contratos firmados apenas em 2024, de acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU), que também identificou indícios de superfaturamento de mais de R$ 8 milhões em contratos do DNOCS. A investigação também engloba uma planilha apreendida que lista contratos e valores totalizando mais de R$ 200 milhões em contratos suspeitos no Rio de Janeiro e no Amapá. Para entender melhor o escopo da operação e outros casos semelhantes de fraudes de emendas parlamentares, leia mais sobre a Operação Overclean: R$ 1,4 bilhão em fraudes de emendas parlamentares no RN e outros estados.
Entre os investigados está o vereador de Campo Formoso (BA), Francisco Nascimento (União), primo do deputado federal Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil na Câmara dos Deputados. Francisco Nascimento, ainda sem pronunciamento sobre o caso, teve apreendidos cerca de R$ 220.150, após ter tentado descartar uma sacola com o dinheiro pela janela antes da prisão. A PF recuperou o montante. Outros R$ 700 mil em dinheiro foram apreendidos com um empresário durante os mandados de busca e apreensão.
José Marcos Moura, preso pela PF, é considerado pela polícia como parte do núcleo central de uma quadrilha suspeita de desviar emendas parlamentares destinadas ao DNOCS e prefeituras por meio de licitações fraudulentas e superfaturadas. Moura, conhecido como 'Rei do Lixo', mantém proximidade com líderes do União Brasil, como o ex-prefeito ACM Neto e o presidente da sigla, Antônio Rueda, e ainda não se manifestou sobre as acusações.
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