Usuários do Hospital Veterinário de Natal foram surpreendidos nesta segunda-feira (3) com a suspensão de cirurgias e atendimentos ambulatoriais. A unidade, inaugurada em setembro de 2024 no bairro da Ribeira, Zona Leste da cidade, agora oferece apenas consultas, ultrassonografias e exames de raio-X, segundo relatos de tutores.
Aureliano Silva, que chegou ao hospital às 3h para garantir uma ficha para sua cadela Lessa, necessitando de exames para identificar a natureza de um tumor, lamentou a suspensão dos procedimentos. "Agora vou ter que arrumar dinheiro para fazer os exames dela, para saber se o tumor é benigno ou maligno", disse.
Jean Paul Zumba, atendente de telemarketing, também buscou o hospital para uma cirurgia para sua cadela, mas foi informado da impossibilidade de realizar o procedimento. "Profissional tem. Só não tem os equipamentos, os recursos para o que precisa ser feito, quem sabe uma internação, não tem os recursos", pontuou.
Até o momento da última atualização desta reportagem, a direção do hospital e a Prefeitura de Natal não se manifestaram sobre a suspensão dos serviços. A Prefeitura de Natal ainda não se pronunciou sobre o caso.
Além da suspensão de procedimentos, tutores relatam a diminuição no número de fichas de atendimento. Letícia Georg, estudante, afirmou: "Quando começou o hospital, eram 50 fichas por dia, hoje foram apenas 15 fichas. Descobriram também que não estão fazendo nem anestesia nem exame de sangue, que é essencial para o diagnóstico".
João Ricardo, vigilante, buscava atendimento ambulatorial para seu gato desidratado. "Desde sexta-feira, ele não está comendo nada. Quando cheguei aqui, eles não ofereciam mais esse serviço", relatou.
A ação do Ministério Público
Em dezembro, o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) entrou com uma ação civil pública na Justiça, buscando impedir que a Prefeitura de Natal utilizasse recursos da saúde pública no custeio do hospital veterinário. O MPRN já realizou outras ações na cidade.
O MPRN argumenta que, de acordo com o Conselho Nacional de Saúde, recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) não devem ser destinados à assistência médica veterinária, por não ser considerada serviço de saúde pública.
A ação do MP pede a rescisão imediata do Termo de Cooperação entre o município e a Sociedade Paulista de Medicina Veterinária, responsável pela administração da unidade, e que a gestão do hospital seja transferida para a Secretaria de Meio Ambiente.
