A indústria da construção brasileira iniciou 2025 em um cenário de retração e incerteza, conforme a mais recente Sondagem Indústria da Construção (SIC), divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O estudo revela que as condições financeiras do setor se agravaram no primeiro trimestre, resultando em um declínio no otimismo e na redução dos investimentos.
Índice de Confiança em Declínio
O Índice de Confiança do Empresário da Construção (ICEI-Construção) registrou uma queda de 2,4 pontos, passando de 49,6 em março para 47,2 pontos em abril. Com isso, o índice adentrou a zona de pessimismo. A principal preocupação dos empresários continua sendo a elevada taxa de juros, mencionada por 35,3% dos entrevistados como o maior obstáculo para o desenvolvimento da atividade. A carga tributária elevada (27,8%) e a escassez ou o alto custo da mão de obra qualificada (27,1%) também foram apontados como grandes desafios.
Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, explica: “A indústria da construção é diretamente impactada pela alta da Selic. Com o acesso ao financiamento para a compra de imóveis dificultado, a demanda diminui. Esse movimento afeta a produção, pois a indústria também sente os reflexos dos juros para financiar a compra de insumos, gerando um efeito em cadeia”. A preocupação com a economia não é exclusiva da construção, em outros setores, como o de alimentação, a cesta básica em Natal também apresentou altas.
Deterioração das Condições Financeiras
A pesquisa, realizada entre 1º e 10 de abril com 316 empresas de diferentes portes em colaboração com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), indica sinais evidentes de desaceleração na atividade e nas expectativas do setor. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também expressou preocupação com a ampliação da taxação sobre produtos brasileiros a partir de 2025, o que pode impactar outros setores da economia.
Os dados mostram uma diminuição no índice de satisfação com o lucro operacional, que caiu de 44,8 para 42,8 pontos, e também na avaliação da situação financeira das empresas, que passou de 49 para 46,4 pontos. Adicionalmente, o acesso ao crédito permanece restrito: o índice de facilidade para obtenção de financiamentos atingiu apenas 37,4 pontos, uma redução de 0,3 ponto em relação ao trimestre anterior.
Os custos de produção também apresentaram um aumento. O índice de evolução dos preços de insumos subiu para 64,6 pontos, indicando pressão inflacionária sobre materiais e equipamentos. Embora o nível de atividade tenha apresentado um leve aumento, alcançando 47,2 pontos em março, ele permanece abaixo do desempenho registrado no mesmo período de 2024 (48,4 pontos). A utilização da capacidade operacional se manteve estável em 67%, sem variações nos últimos cinco meses.
As perspectivas para os próximos seis meses também se tornaram mais conservadoras. Todos os indicadores de expectativa recuaram em abril, embora permaneçam acima da linha dos 50 pontos. A intenção de investir caiu para 41 pontos — o menor patamar desde março de 2024 — refletindo o ambiente de incerteza que paira sobre o setor. Em contrapartida, outros setores no Rio Grande do Norte apresentam resultados positivos, como o Carnaval de Natal 2025, que impulsionou a economia local com R$ 196 milhões em negócios.
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