Dólar fecha 2024 com alta de 27,34%, maior valorização desde 2020, apesar de intervenção do BC

Dólar valoriza 27,34% em 2024 e real tem o pior ano desde 2020

O ano de 2024 encerrou com o dólar registrando uma expressiva valorização de 27,34% frente ao real, marcando o pior desempenho da moeda brasileira desde 2020, quando a pandemia de COVID-19 causou grande instabilidade econômica global. Apesar de uma intensa atuação do Banco Central (BC) no último mês, a moeda americana interrompeu uma sequência de dois anos de desvalorização.

No último dia de negociação do ano, o dólar à vista fechou cotado a R$ 6,18. Ao considerar a taxa Ptax, o valor sobe para R$ 6,19, resultando em uma valorização acumulada de 27,91% em 2024. Este desempenho supera o registrado em 2023, quando o dólar encerrou o ano a R$ 4,84, com uma desvalorização de mais de 7%.

Intervenção do Banco Central

O Banco Central intensificou sua atuação no mercado cambial, realizando a maior intervenção desde o início do regime de câmbio flutuante. Em um único dia, foram injetados US$ 1,815 bilhão em um curto período, após a moeda americana atingir sua máxima na sessão (R$ 6,2426). Essa ação resultou em uma queda de 0,21% no dólar, que fechou o dia a R$ 6,1802, contrariando a tendência de valorização das moedas de outros países emergentes. No entanto, mesmo com a intervenção, a valorização do dólar no mês foi de 2,98%.

A pressão de investidores vendidos, que lucram com a queda da moeda americana, gerou volatilidade no mercado cambial antes da definição da taxa Ptax final de 2024. O dólar chegou a cair 0,64%, para R$ 6,1535, menor valor dentro de um pregão desde a última quinta-feira.

Reginaldo Galhardo, gerente da corretora Treviso, comentou que o BC agiu com cautela, realizando o leilão à vista somente após a formação da Ptax, a fim de não interferir no embate entre comprados e vendidos. Ele também ressaltou que a atuação do BC tem sido insuficiente para reverter a tendência de alta do dólar.

Recorde de Injeção de Dólares

Em dezembro, o BC injetou US$ 21,575 bilhões em leilões à vista, o maior volume mensal desde o início do regime de câmbio flutuante. Este valor supera o registrado em março de 2020, no início da pandemia, quando foram vendidos US$ 12,054 bilhões. Apesar do esforço, a valorização do dólar ante o real só não foi maior do que a alta de 27,53% frente ao peso argentino.

A escalada do dólar em dezembro foi impulsionada pela frustração do mercado com as medidas de ajuste fiscal do governo e pelo anúncio da isenção do imposto de renda para salários de até R$ 5 mil, sem compensação definida. O dólar atingiu seu maior valor histórico em dezembro, chegando a ser negociado próximo a R$ 6,30.

Cenário Global

A valorização do dólar não foi exclusiva do mercado brasileiro. A moeda americana também subiu 24% frente ao rublo, 21% em relação ao peso mexicano e 20% contra a lira turca. Além da eleição de Donald Trump, que reacendeu temores de políticas inflacionárias nos Estados Unidos, as moedas emergentes foram impactadas pela valorização do iene após o aumento surpreendente dos juros pelo Banco do Japão (BoJ).

No acumulado do ano, o índice DXY registrou alta de 6,6%, atingindo 108,07 pontos. No Brasil, a taxa Ptax de hoje (R$ 6,1923) será repetida, com uma alta de 27,91% no ano.

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