Haddad Alerta para Tensão no Mercado Financeiro e Defende Agenda Fiscal em Evento do BTG Pactual

Mercado projeta inflação em 5,58% para 2025; PIB fica em 2,03%

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou preocupação com o aumento da tensão no ambiente financeiro, durante a abertura da CEO Conference Brasil 2025, promovida pelo BTG Pactual em São Paulo. Segundo Haddad, o mercado está mais sensível e reativo a notícias, refletindo um clima de apreensão geral.

“As pessoas estão mais com o dedo no gatilho, esperando uma notícia para agir, se proteger ou especular, tudo dentro da regra do jogo”, afirmou o ministro, comparando o cenário atual com a turbulência observada em dezembro de 2024, quando houve uma alta do dólar e fuga de capitais. Inclusive, o **Dólar fechou 2024 em R$ 6,17**, impactado por incertezas fiscais. Haddad acredita que, apesar das tensões, a economia brasileira está se estabilizando, em linha com outros países que enfrentam desafios globais.

Desafios Externos e Percepções do Mercado

Haddad enfatizou que a instabilidade na economia americana contribui para o clima de incerteza global. “Quando você vê uma turbulência na economia americana, com falta de previsibilidade sobre o que a maior economia do mundo vai fazer, as pessoas ficam mais tensas. E não é só no Brasil. A situação externa é mais desafiadora”, explicou.

O ministro também comentou sobre as diferentes percepções entre agências de risco, Fundo Monetário Internacional (FMI) e investidores locais, destacando a importância dos investidores domésticos para a economia brasileira. “Eles não têm a força que os investidores domésticos têm, então aguardam um pouco antes de investir”, disse.

Agenda Fiscal e Reforma Tributária

Haddad reafirmou o compromisso da equipe econômica com a agenda fiscal, mesmo diante de desafios e da necessidade de colaboração de outros setores. Ele alertou para a importância de manter o foco na agenda fiscal, especialmente com as mudanças nas lideranças do Congresso Nacional. “Precisamos verificar quem serão os relatores das matérias, os presidentes das comissões e a disposição dos líderes da oposição e da situação para endereçar temas importantes”, ressaltou.

O ministro destacou a relevância da reforma tributária, com previsão de entrada em vigor em 2027. “É a maior reforma tributária da história do Brasil, e sem aumento de carga”, afirmou. Para 2025, empresas devem ficar atentas ao **regime tributário** a ser definido até o fim de janeiro.

Haddad concluiu enfatizando que negar a realidade econômica e idealizar um passado irreal não contribui para o desenvolvimento do país. Ele lembrou que a dívida líquida do Brasil em 2002 era similar à atual, em torno de 60% do PIB, demonstrando que o país já enfrentou momentos igualmente desafiadores. Além disso, é importante ressaltar que a **arrecadação federal atingiu um recorde de R$ 2,65 trilhões em 2024**, impulsionada pela atividade econômica.