A Polícia Federal (PF) e a Receita Federal deflagraram a Operação Pleonexia, cumprindo mandados de busca e apreensão em Natal (RN), Barueri (SP) e Goiânia (GO). A ação tem como alvo uma empresa de energia solar suspeita de movimentar ilicitamente cerca de R$ 151 milhões, prejudicando mais de 6.300 pessoas em todo o país. A Polícia Federal já realizou outras operações na capital potiguar, como a que prendeu um suspeito de tentativa de homicídio que resistiu à prisão em Natal.
A investigação aponta que a empresa atraía investidores com a promessa de rendimentos mensais de 4% a 5% sobre a comercialização de créditos de energia solar, um modelo de negócio considerado insustentável e com fortes indícios de fraude. Em vez de aplicar os recursos na atividade fim, os valores investidos eram supostamente desviados para a compra de imóveis, joias e carros de alto padrão. Outro caso de desvio de recursos que ganhou destaque foi o apontamento da CGU sobre o aumento no tempo de espera por exames em Natal.
Durante a operação, foram apreendidos diversos bens de luxo na residência do proprietário da empresa em Natal, incluindo:
- 1 lancha
- 2 jet skis
- 1 UTV (Utility Task Vehicle)
- 20 relógios de luxo
- 1 Porsche
- 1 Mercedes CLA 45
- 1 Mercedes-AMG G 63
- R$ 228 mil em espécie
- Joias diversas
- 1 bola de futebol autografada por Pelé
- 1 chuteira usada por Messi
A Justiça determinou o bloqueio e o sequestro de aproximadamente R$ 244 milhões em bens dos envolvidos, visando o ressarcimento das vítimas e o pagamento de multas e custas processuais.
Irregularidades no Setor de Energia Solar
A empresa investigada divulgava possuir onze usinas de energia solar, com capacidade de geração de 1.266.720 kWh/mês. No entanto, a investigação revelou que apenas uma usina estava efetivamente conectada à rede de distribuição de energia local, gerando apenas 28.325 kWh.
Adicionalmente, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que a empresa não é titular de nenhum empreendimento de geração de energia regular e não possui pedido de outorga em tramitação. Uma pesquisa na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) indicou que a empresa não é associada à entidade, condição necessária para negociar energia elétrica no Ambiente de Contratação Livre. Casos como esse reforçam a importância de iniciativas como o projeto 'Trânsito Cidadão' apresentado pelo MPRN e MPT-RN para gestores de Natal.
Histórico Criminal do Líder da Organização
O líder da organização criminosa, preso preventivamente, já possui condenação por tráfico internacional de drogas e responde a processos por estelionato, crime contra a economia popular e lavagem de dinheiro, decorrentes de um golpe supostamente praticado em 2021, envolvendo a captação fraudulenta de recursos por meio de uma plataforma de apostas esportivas. Outra operação, também nomeada Operação Pleonexia, desmantelou um esquema de pirâmide financeira com energia solar, desviando R$ 151 milhões.
Segundo a Receita Federal, o investigado ocultava sua atuação na empresa, utilizando terceiros para divulgar a falsa oportunidade de investimento e celebrar contratos fraudulentos.
O termo “Pleonexia”, que nomeia a operação, tem origem grega e significa “ganância excessiva” ou “ambição desmedida”, refletindo o objetivo do grupo de obter vantagens financeiras ilícitas em prejuízo de milhares de investidores.