G20 no Rio: Exército registra apenas um incidente durante megaoperação de segurança

Tiro contra tropa foi único fato que chamou atenção do Exército no G20

A cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro, contou com um extenso esquema de segurança envolvendo as Forças Armadas e as polícias estadual e federal. De acordo com o general de brigada Lucio Alves de Souza, chefe do Centro de Coordenação de Operações do Comando Militar do Leste (CML), o único incidente relevante para o Exército foi um tiroteio próximo à favela Cidade de Deus.

O evento ocorreu no domingo (17), na Linha Amarela, enquanto uma tropa militar prestava socorro a um veículo no acostamento. Disparos de arma de fogo atingiram a região, forçando os militares a buscarem abrigo. “Quando você está com tropa na rua em um ambiente de segurança pública do Rio de Janeiro, que nós todos conhecemos, estava dentro do nosso escopo imaginar que talvez acontecesse isso, e aconteceu”, explicou o general Souza, que ressaltou que “Esse foi o único fato que chamou a atenção”. Ele ponderou: “Eu não chamo de ataque. Houve um disparo de arma de fogo, e não se tem certeza se foi em direção à tropa ou não”. Não houve feridos. A Polícia Militar prestou apoio imediato à tropa do Exército.

A operação militar, denominada Operação Corcovado, envolveu cerca de 22.300 militares (18.500 do Exército, 2.100 da Marinha e 1.600 da Aeronáutica). Foram utilizados 32 veículos blindados, 18 lanchas militares, cinco navios, sete helicópteros, nove aviões, 26 mísseis, 199 motos e quatro equipamentos antidrones. As Forças Armadas realizaram diversas tarefas, incluindo a segurança de 27 locais de hospedagem, infraestruturas críticas, áreas marítimas e costeiras, além de escoltas de autoridades e ações de segurança cibernética e defesa aeroespacial. De um total de 388 escoltas, totalizando mais de 5 mil quilômetros, 94 foram conduzidas pelas Forças Armadas.

O general Souza atribuiu nota dez à operação, enfatizando que o objetivo principal – garantir a segurança dos chefes de Estado – foi alcançado. Ele destacou que o planejamento já incluía protocolos antiterroristas, implementados em eventos anteriores como a Olimpíada de 2016 e a Copa do Mundo de 2014. Isso incluiu varreduras antiexplosivos, além de ações de conscientização em hotéis e metrô. “Equipes vão nos hotéis para ministrar palestras, indicar os funcionários sobre o que eles têm que ter atenção”, explicou.

O fechamento do Aeroporto Santos Dumont, próximo ao Museu de Arte Moderna (MAM), sede dos encontros da cúpula, foi considerado crucial pelo general, devido à proximidade com o evento e o impacto no fluxo de pessoas na região. “O fechamento do aeroporto foi fundamental”, afirmou o general. “Tinha dois aspectos: um eram aeronaves pousando e decolando tão próximo ali do MAM. Depois do evento do [atentado nos Estados Unidos] 11 de Setembro, ficou a lição. A outra questão seria o fluxo de pessoas na região do aeroporto. Impactaria na movimentação dos batedores, porque aquela área era de estacionamento deles e dos comboios”, explicou.

A operação da Polícia Federal (PF) para prender militares suspeitos de planejar atentados contra o presidente Lula, o vice-presidente Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes não interferiu na Operação Corcovado, segundo o general. “Não estava no nosso planejamento, obviamente. Nosso foco estava totalmente no G20. Foi mais um fato”, afirmou o general. Nenhum dos militares presos participou da Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) durante o G20. O general reforçou que as Forças Armadas atuam dentro dos limites constitucionais, necessitando de decreto de GLO para ações de segurança pública fora do âmbito de suas funções regulares.

O general destacou a importância da colaboração entre as forças de segurança e a receptividade da população carioca como fatores essenciais para o sucesso da operação. “O carioca, como sempre, recebeu muito bem os visitantes e entendeu que as medidas que foram tomadas nesse evento eram necessárias para que a gente pudesse ter um evento seguro, tranquilo e reforçasse a capacidade do Rio de Janeiro de fazer esse grandes eventos”, concluiu.