Vídeo mostra morte de administradora em operação policial em Natal; PM é preso

Vídeo mostra momento em que administradora morta em comunidade em Natal é atingida por tiro

Imagens obtidas pela Inter TV Cabugi mostram o momento em que Bárbara Kelly, administradora de 34 anos, foi atingida por um tiro de fuzil durante uma operação policial no Passo da Pátria, em Natal, no dia 12 de abril. Um policial militar foi preso temporariamente, em 30 de abril, suspeito de ser o autor do disparo, conforme noticiado anteriormente pelo Voz do RN em Policial Militar é Preso por Suspeita de Envolvimento na Morte de Administradora em Natal.

A cena do crime

De acordo com as imagens, Bárbara estava sentada na porta de sua casa com familiares, incluindo sua filha de 4 anos, quando foi atingida. A gravação mostra ainda crianças brincando na rua. A análise da filmagem permitiu reconstruir a sequência de eventos: às 18h39, três homens correram pela rua, fugindo de uma abordagem policial, segundo a investigação. Poucos segundos depois, Bárbara foi atingida. O tiro entrou em seu braço, atingiu o pulmão e saiu pelas costas. Às 18h45, a gravação mostra policiais conduzindo um homem preso, um dos três que correram momentos antes, um indivíduo de 23 anos com tornozeleira eletrônica.

Investigação aponta ausência de confronto

A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) concluiu que não houve confronto com criminosos durante a operação. A investigação se baseou em depoimentos de testemunhas, laudos periciais e imagens de câmeras de vigilância, indicando que os indivíduos que corriam não portavam armas. A Sesed (Secretaria de Segurança Pública e da Defesa Social) declarou: "Contudo, segundo a investigação da DHPP, durante o andamento da operação ficou constatado e excesso injustificado por parte de um dos agentes, que efetuou disparos de fuzil em via pública, sem qualquer respaldo legal ou indício de confronto armado". Incidentes com a polícia militar já ocorreram antes, como o caso em Canguaretama (RN) onde agentes foram afastados por agressão.

Material apreendido e processo judicial

O processo judicial, ao qual a Inter TV Cabugi teve acesso, inclui o inquérito policial, fotos da perícia na casa e calçada onde Bárbara foi morta, e o material apreendido com os policiais militares: o fuzil possivelmente usado no crime, um carregador e munições. O material apreendido com o suspeito preso incluía uma balança de precisão, dinheiro trocado, um celular e porções de cocaína, crack e maconha, mas nenhuma arma. É importante ressaltar que a segurança pública no estado tem sido um tema constante, como evidenciado na Operação Curari Domi, que expôs um possível esquema criminoso.

A prisão do policial militar

O policial militar preso era um dos quatro agentes do 1º Batalhão da PM afastados de suas funções operacionais desde o incidente. A prisão ocorreu em cumprimento a um mandado expedido pela Justiça. A Sesed afirmou que a Polícia Militar continua com o Inquérito Policial Militar, investigando a conduta dos demais policiais envolvidos. A Sesed também declarou: "A Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social (SESED) reafirma seu compromisso com a transparência, legalidade e apuração rigorosa de qualquer violação aos direitos humanos, especialmente em ações que envolvam agentes públicos do Estado do Rio Grande do Norte".

Reações e protestos

Moradores do Passo da Pátria realizaram protestos na noite da morte de Bárbara, fechando vias de acesso com queima de pneus. Familiares da vítima alegam que não houve troca de tiros e que os policiais dispararam sem justificativa. O irmão de Bárbara, José Fabrício de Araújo, relatou que ela foi atingida pouco depois de chegar do trabalho, enquanto estava sentada com a filha e outros familiares. Ele destacou a presença de crianças na rua e a ausência de socorro por parte dos policiais. Bárbara, administradora de empresas e casada há 14 anos, deixou uma filha de 4 anos.

Quatro armas usadas na operação foram recolhidas para perícia balística. Um inquérito policial militar e um inquérito criminal foram abertos para apurar os fatos.

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