Jaime Calado anuncia corte de gastos e salários ao assumir prefeitura de São Gonçalo do Amarante

O prefeito eleito de São Gonçalo do Amarante, Jaime Calado (PSD), declarou que encontrará um cenário de “município falido” ao assumir o cargo em 1º de janeiro. Em entrevista à rádio 98 FM, Calado apontou que a gestão do atual prefeito, Eraldo Paiva (PT), deixará uma despesa anual adicional de aproximadamente R$ 80 milhões, a qual sua administração terá que arcar.

Calado criticou a falta de transparência no processo de transição, descrevendo o diálogo com a equipe atual como “de mudos”. Ele enfatizou que, apesar de algumas exceções, as respostas obtidas não foram completas e que a real situação financeira do município será avaliada somente a partir do dia 2 de janeiro.

Segundo o prefeito eleito, a alta despesa se deve, em parte, a um “aumento estúpido” na folha de pagamento dos servidores, causado por uma revisão nos planos de carreira. Esse reajuste resultou em um acréscimo de R$ 3 milhões mensais, totalizando um gasto anual de R$ 39 milhões, considerando as 13 folhas salariais. Ele ainda criticou essa medida como uma “irresponsabilidade total”.

Além do aumento na folha salarial, Calado também revelou que a atual gestão deixou de pagar parcelas de um empréstimo, o que representa uma nova despesa de R$ 38,2 milhões por ano para a futura administração. A soma dos gastos com a folha e o empréstimo eleva a despesa adicional para R$ 77,2 milhões anuais, sem contar os custos regulares do município. A situação financeira delicada lembra os debates sobre o aumento de despesas não contingenciáveis previstas na LDO 2025 e os impactos de medidas como o reajuste do ICMS.

Medidas de contenção

Diante da difícil situação financeira, Jaime Calado anunciou uma série de medidas para conter os gastos. Ele informou que não nomeará todos os cargos comissionados previstos em lei e que haverá uma redução de 20% nos contratos de terceirizados. “Não vou sacrificar a saúde e a educação. Nós vamos tomar uma série de medidas, porque eu acho que contrato é para ser cumprido”, declarou Calado.

Ele também anunciou que reduzirá seu próprio salário em 10%, como um gesto simbólico da gravidade da situação, mas destacou que essa medida não resolverá o problema financeiro do município. “Vou reduzir meu salário em 10%. Não vou exigir isso de ninguém, e também isso não resolve. Vou fazer esse gesto para as pessoas entenderem que a situação é muito grave”, afirmou o prefeito eleito.

Como parte da reestruturação, Calado planeja que alguns secretários acumulem mais de uma pasta. Ele mencionou especificamente o caso da Secretaria de Governo, que deverá ser liderada pelo futuro titular da pasta do Planejamento.

As declarações de Jaime Calado apontam para um início de mandato desafiador, com a necessidade de medidas de austeridade para equilibrar as contas públicas de São Gonçalo do Amarante. Os ajustes previstos demonstram a urgência de ações para evitar maiores prejuízos.

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